Quem é meu aluno, presencial ou virtualmente, sabe que eu recomendo sempre a concordância do verbo com o seu sujeito. Acho que quem pratica essa concordância, conhecida como concordância gramatical, não tem problemas na hora de escrever e se livra daquela decoreba de setecentas mil regrinhas de concordância verbal.
Sei, é claro, que há, em casos específicos, a possibilidade de concordância atrativa e de concordância ideológica, mas elas não tiram a validade da concordância com o núcleo do sujeito (concordância gramatical).
O verbo SER, no entanto, é aquele calinho no sapato, porque ele pode, em alguns casos, concordar com o termo que ocupa uma outra “casa” sintática, o predicativo do sujeito.
Em outras palavras, como qualquer outro verbo da Língua Portuguesa, o verbo SER concorda com o seu sujeito. Até aí tudo bem… A especificidade desse verbo reside no fato de que ele também, em alguns casos, pode concordar com o PREDICATIVO DO SUJEITO.
Essa possibilidade, todavia, só ocorrerá quando o PREDICATIVO DO SUJEITO for uma expressão de base substantiva. Você verá, portanto, que o verbo SER fará , nesses casos, a mediação entre dois substantivos (S1 e S2), em que S1 será o sujeito e S2 será o predicativo.
Vamos, então, saber que casos são esses!
Ex.: QUE são essas coisas?
QUE = S1
COISAS = S2
SÃO concorda com S2 (coisas)
QUEM seriam os culpados?
QUEM = S1
CULPADOS = S2
SERIAM concorda com S2 (culpados)
Ex.: TUDO eram dificuldades.
ou
TUDO era dificuldades.
ISSO são caprichos.
ou
ISSO é caprichos.
Ex.: O RESTO são bobagens.
A MAIORIA são frases soltas.
Ex.: O professor sou EU.
EU sou o professor.
Muitas pessoas é FLÁVIA.
FLÁVIA é muitas pessoas.
Ex.: São duas horas.
OBS.: Quando o sujeito for constituído por uma expressão numérica considerada em sua totalidade, o verbo ficará no singular, independentemente de ser o predicativo uma expressão de base substantiva:
Ex.: Dois quilos é suficiente.
Oito dias é muito pouco.
Agora, vamos exercitar:
Assinale a alternativa em que, considerando-se os preceitos da norma culta, observa-se desvio na concordância:
a) Aquilo são puras ofensas.
b) O resto são adereços.
c) A vida é amores.
d) Tudo é dores.
e) Dez reais serão demais?
E aí?????
Onde está o erro?
Acertou quem marcou letra E.
Por hoje é só!
Beijos,
Prof.ª Dr.ª Patrícia Corado
Fabiana Rocha Tavares
Postado 09:44h, 25 outubroQue maravilha!!! Parabéns, Patrícia!
Patrícia Corado
Postado 21:57h, 25 outubroObrigada, Fabiana!
Beijos
Fabiana Tavares
Postado 18:58h, 24 dezembroPati, quando o verbo ser concorda com o predicativo (s2), qual é o tipo de concordância?
Fabiana Tavares
Postado 19:03h, 24 dezembroÉ atrativa?
Patrícia Corado
Postado 14:16h, 26 dezembroFabiana, há duas explicações para isso. 1) Podemos entender que a concordância é gramatical, uma vez que, nesses casos, há equivalência entre S1 e S2.
2) Também podemos entender, nos casos em que há mais do que uma possibilidade (pode-se concordar tanto com S1 como com S2), que a escolha da concordância seguirá critérios ideológicos de ênfase, ou seja, a concordância será feita com o que se deseja evidenciar, sendo, pois, ideológica.
De qualquer forma, como eu digo no início do post, o verbo SER é um “calinho no meu pé” porque ele foge à simplificação que eu didaticamente proponho para a compreensão dos mecanismos de concordância da língua Portuguesa…
Obrigada por sua visita!!!
Beijos
Fabiana Tavares
Postado 19:07h, 24 dezembroQue tal preparar uma série de textos e vídeos sobre concordâncias verbais e nominais? Além de importantíssimas para concursos, são essenciais no cotidiano!!! Fica aí outra dica, prof!!! Sua forma de explicar nos ajuda tanto!
Edwiges Fernandes
Postado 07:41h, 07 maioDicas preciosas!
Língua Minha
Postado 19:28h, 15 junhoObrigada, Edwiges!
Um abraço!
Marcos de Santana
Postado 11:41h, 07 novembroÓtima explicação; depois de tantos professores… luz!! MUITÍSSIMO OBRIGADO!
Língua Minha
Postado 15:11h, 14 novembroObrigada pelo seu comentário, Marcos! Fique sempre conosco!
Um abraço!