ARTIGO

Artigo

 

Os artigos da Língua Portuguesa se subdividem em definidos (o, a, os, as) e indefinidos (um, uma, uns, umas).

 

Segundo Celso Cunha (2007, p. 219), o artigo definido “trata de um ser já conhecido do eleitor ou ouvinte, seja por ter sido mencionado antes, seja por ser objeto de um conhecimento de experiência”. Os indefinidos, por sua vez, agregam ao substantivo um valor de “simples representante de uma dada espécie a que não se fez menção anterior.”.

 

O que traz o tema à nossa postagem de hoje, no entanto, não é a mera classificação dos artigos, mas o uso ou não do artigo definido antes de nomes próprios.

 

Assim, de modo geral, entende-se que o uso de artigos definidos (o / a) antes de nomes próprios é facultativo. Pode-se, pois, dizer “Hoje, a Maria não quis lanchar.” ou “Hoje, Maria não quis lanchar.”.

 

Observa-se que, em larga medida, essa escolha pelo uso ou não do artigo está relacionada à maneira de falar de certas regiões (variação linguística diatópica). Na minha região, por exemplo, normalmente não se usa o artigo antes de nomes próprios. Na capital do meu estado (RJ), por sua vez, nota-se a preferência pelo uso.

 

É importante destacar, nesse contexto, que normalmente não se usa o artigo antes de nomes de pessoas célebres. Isso porque o uso do artigo “junto a nomes próprios denota familiaridade” (BECHARA, 2000, p. 154); sua ausência, por outro lado, traz um sentido de reverência e distanciamento social.

 

Compare as sentenças 1 e 2:

 

1- A Maria cuida de nós.

 

2 – Maria cuida de nós.

 

Note que a sentença 1 poderia ser usada para designar qualquer pessoa próxima, conhecida, chamada Maria, mas jamais poderia ser usada para designar Maria, a mãe de Jesus Cristo, para a qual preferiríamos a sentença 2.

 

Isso ocorre porque a reverência devotada à mãe de Jesus impede o uso do artigo antes do nome próprio.

 

Essa variação no uso do artigo apresentará repercussões nos processos de contração e combinação de preposições com artigos (e também nos processos de crase).

 

Assim, haverá variações de escolha como:

 

1 – Andei no carro DE João. (DE = preposição)

 

2 – Andei no carro DO João. (DO = preposição + artigo)

 

Contudo, observe que, em casos associadas à semântica da reverência, não se usará o artigo junto à preposição, de tal modo que se diz “Acredito EM Jesus” e não “Acredito no Jesus”. Essa segunda construção só será possível em construções em que o substantivo próprio Jesus designe um outro ser que não seja o Cristo (Jesus Cristo).

 

Vale lembrar que estamos aqui tratando de ocorrências do artigo IMEDIATAMENTE antes do substantivo próprio. Esse raciocínio, portanto, não se aplica a casos em que há outros designadores antes do nome, tais como cargos, títulos e outros. Dessa forma, não diríamos “O João Paulo II visitou o Brasil” (e sim “João Paulo II visitou o Brasil”), mas poderíamos perfeitamente usar o artigo caso disséssemos “O Papa João Paulo II visitou o Brasil.”.

 

Fique, agora, com a explicação em vídeo:

 

 

 

Por hoje é só!

Um abraço,

Prof.ª Dr.ª Patrícia Corado

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ARTIGO, NOME PRÓPRIO, PRONOME DEFINIDO
4 Comentários
  • Rogerio Carneiro Campello
    Postado 01:48h, 16 outubro Responder

    Você é A professora!
    E deve ser de Niterói. Eu tinha uma colega que era de Niterói e que falava assim, não punha artigo se referindo a pessoas.

    P.S.: Pro Bolsonaro eu uso o artigo: O Bolsonaro é uma besta!

    • Língua Minha
      Postado 17:30h, 16 outubro Responder

      kkkkkkkkk
      Eu não sou de Niterói! Sou de Cabo Frio. Aqui também não usamos o artigo antes de nomes de pessoas.
      Obrigada pela visita e pelo comentário!
      Um grande abraço,
      Patrícia

  • Gleice Coelho G da Silva
    Postado 17:08h, 09 dezembro Responder

    Muito interessante essa questão da mudança de sentido ao usar ou não usar o artigo antes de substantivo! Excelente explicação! ; )

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