Temos visto com muita frequência o uso de “super”, que é um prefixo da nossa língua, como elemento autônomo, isto é, como uma palavra. Ou seja, temos um prefixo, que é um afixo que se coloca à esquerda de um radical para formar uma palavra derivada (veja aqui processos de formação de palavras), sendo usado como uma palavra primitiva. É o que ocorre em casos como “Fui a uma festa super radical.” ou em “Eu super concordo com você.”
Então, professora, essas construções aí estão erradas?
Há erro sim! Vamos por partes: se tomarmos por base uma perspectiva normativa mais rígida, o elemento em questão é um PREFIXO, ou seja, não tem a autonomia lexical de uma palavra, portanto, não deve ser usado como se fosse um item lexical autônomo… Ah, eu sei… Quem faz a língua é que a usa! Concordo! Mas, nesse caso, se o usuário da língua elevou o prefixo à categoria de palavra, fazendo-o funcionar, nesses dois casos apresentados aí acima (e em muitos outros…), como um advérbio, deve submeter sua criação às regras de acentuação da língua, ou seja: SÚPER (com acento = paroxítona terminada em R! Acesse nosso artigo sobre acentuação gráfica aqui)
Em resumo:
O certo, certo, certo é não usar o elemento isoladamente e sim como prefixo, isto é, preso à palavra primitiva, de maneira geral sem hífen e, caso a palavra primitiva se inicie com R ou H, com hífen (Veja aqui nossa postagem sobre uso do hífen em palavras derivadas por prefixação). Ou seja: “Fui a uma festa super-radical.” e “Eu superconcordo com você.”, lembrando que o verbo “superconcordar” é um neologismo, o que não é problema nenhum, desde que seja criado dentro dos padrões previstos no idioma.
Agora, se você é adepto de uma construção idiomática menos presa aos rigores normativos, tudo bem… o elemento prefixal “super” já migrou, na boca do povo, para a categoria de palavra (normalmente advérbio de intensidade). Ok! Mas, nesse caso, não se esqueça do acento: “Fui a uma festa súper radical.” e “Eu súper concordo com você.”. Só é necessário ter em mente que essas construções devem ser usadas em textos informais, tá?
Por hoje, é só!
Beijinhos e até a próxima!
Prof.ª Dr.ª Patrícia Corado
Marineth
Postado 00:19h, 24 fevereiroPerfeito, professora! Você é a melhor.
Língua Minha
Postado 09:23h, 24 fevereiroAi!!!! Com esse elogio, eu vou ficar metida!!!! rsrs
Obrigada, Marineth!
Beijinhos
diego
Postado 11:52h, 11 setembroÉ só uma questão de tempo para o súper como advérbio ser aceito em todos os âmbitos, não apenas na oralidade ou na linguagem informal. Qualquer gramático descitivista sabe disso.
Língua Minha
Postado 21:00h, 15 outubroTambém acho, Diego!
Obrigada pela sua visita!
Um abraço,
Patrícia
Nonato Costa
Postado 12:41h, 25 junhoSua explicação foi fenomenal! Muito grato! Eu estava precisando.
Edmilson Alves
Postado 20:36h, 06 novembroPor que “super” não tem acento enquanto prefixo e “pré” tem acento?
William Carvalho
Postado 22:32h, 14 janeiroExcelente destaque, mas a palavra súper existe acentudada também na qualidade de interjeição e adjetivo, tudo bem?
Exemplo: Você é super!(adjetivo)
Ela foi contratada. Súper! (interjeição)
William Carvalho
Postado 22:29h, 14 janeiroProfessora, no curso de especialização em Linguística e Acordo Ortográfico, o professor disse que a palavra ”súper” na qualidade de adjetivo também é acentuada, por exemplo: “Você é súper!” Então a palavra em questão não seria mais um mero prefixo, migrando disso para um adjetivo, e há casos em que ele também já é usado como interjeição pelo dicionário Houaiss, a saber: “Ela acabou sendo contratada. Súper!” Por isso que eu sempre digo, a língua não é algo engessado pela gramática normativa, os falantes nativos da língua fazem a língua fluir como um rio!