PARTICÍPIO ABUNDANTE

Existem muitos verbos na nossa amada língua que admitem mais de uma forma de particípio, tendo o que definimos com PARTICÍPIO ABUNDANTE. Assim, os particípios regulares são aqueles cujas terminações são -ado e -ido, e os irregulares, como o próprio nome já indica, têm terminações mais variadas: – to; –so; –do entre outras.

Aí, surge sempre a dúvida: havendo dois particípios, em qual situação cada um deles deve ser usado?

Como regra geral, temos , de acordo com as lições do saudoso Celso Cunha, a indicação de que a forma regular se emprega acompanhada dos auxiliares ter / haver, ou seja, na formação dos chamados tempos compostos (assunto – prometo! – de outro post, em breve aqui no site…); a irregular, que, como lembra o mestre (Salve! Salve!) Bechara, flexiona-se em gênero e número, usa-se, de preferência, com os auxiliares ser, estar e também com ficar. Os particípios, vale destacar, sobretudo os irregulares, atuam tipicamente como adjetivos (ex.: enxuto, corrupto, aceso, imerso).

Como facilitar a vida de quem quer usar corretamente a nossa língua é o propósito do Língua Minha, fica a dica:

• TER / HAVER + PARTICÍPIO REGULAR (-ado ; – ido)

                Ex.: Ele tem aceitado os fatos.

                        O povo havia elegido seu candidato.

                        Haviam suspendido o objeto.

• SER / ESTAR / FICAR + PARTICÍPIO IRREGULAR

                Ex.: O objeto está suspenso.

                        O navio ficou submerso.

                        O documento está impresso.

É importante dizer a você que os verbos PAGAR, GANHAR e GASTAR (Eu sempre digo que são os verbos do mundo do consumo!!!) têm a sua forma regular em evidente processo de desuso. Assim, no Português contemporâneo, as formas irregulares PAGO(A)(S), GANHO(A)(S), GASTO(A)(S) são usadas tanto com TER/HAVER como com SER/ESTAR/FICAR. Ex.: Eu havia ganho um presente ou Eu havia ganhado um presente. Ambas são corretas, ok? Apesar de ser minha obrigação admitir que acho a primeira construção (com o particípio irregular) bem feia… Mas aí é uma questão de gosto…

Outra coisinha importante que eu tenho a lhe dizer é que há verbos que, apesar da criatividade popular, não têm forma irregular. Sim! Os verbos não têm particípios abundantes por sorteio!!! A coexistência de formas regulares e irregulares para alguns verbos vem lá do latim. Assim, verbos como TRAZER, CHEGAR só têm particípio regular: TRAZIDO, CHEGADO!!! Por favor, não diga “Eu tinha trago o dinheiro…” ou “Se soubéssemos, tínhamos chego mais cedo.”!!!

O verbo PEGAR tem, no Português do Brasil, aparecido com uma construção irregular, sem nenhuma base na origem latina do verbo, mas, por certo, criada por analogia a outras formas irregulares do idioma. Trata-se do particípio irregular PEGO. Veja que reconhecida de forma incontroversa é a forma regular PEGADO; a forma irregular PEGO (Não me perguntem se com timbre aberto ou fechado nesse E!!!! Façam a pergunta a quem fez esse filho!!! rsrs), embora largamente utilizada inclusive nos meios de comunicação e até na literatura, não é efetivamente reconhecida. Na minha humilde opinião, deve ser questão de tempo para que  ganhe registro de nascimento, até porque – gostemos ou não – ela está vivinha por aí… De qualquer forma, eu não uso e recomendo que você também evite, pelo menos em situações formais ou de prova!!!!

Agora, segue a prometida listinha de verbos com particípios abundantes, para os quais se aplica a regrinha deste post:

Beijo grande!

Até a próxima!

Prof.ª Dr.ª Patrícia Corado