SINTAXE DO PERÍODO COMPOSTO

 SINTAXE DO PERÍODO COMPOSTO

 

Na análise interna da oração, examinam-se  seus TERMOS ESSENCIAIS, INTEGRANTES E ACESSÓRIOS. Essa é a SINTAXE DO PERÍODO SIMPLES, ou seja, daquele período constituído de uma só oração, chamada ABSOLUTA. Mas… você sabia que TERMOS ESSENCIAIS, INTEGRANTES E ACESSÓRIOS de uma oração podem ser funções desempenhadas por uma outra ORAÇÃO? A percepção de que uma oração desempenha (ou não desempenha)  uma função dentro da outra é o passo fundamental para a análise da sintaxe do período composto!

 

Às orações autônomas do ponto de vista estrutural (sintático), ou seja, àquelas que não se comportam como termos da outra oração, dá-se o nome de COORDENADAS, e o período por elas formado é chamado de  COMPOSTO POR COORDENAÇÃO.

 

As orações sem autonomia estrutural, isto é, as orações que funcionam como termos de outra oração, são chamadas de SUBORDINADAS. O período constituído por uma oração SUBORDINADA terá sempre uma ORAÇÃO PRINCIPAL, que será a oração mais autônoma do período e a ela a subordinada servirá como termo.

 

Como dica, sempre recomendo a meus alunos que tentem colocar um ponto entre as orações do período composto. Se, ao colocar esse ponto, você perceber que uma das orações não tem autonomia estrutural (Você notará que a colocação do ponto será ruim para a estrutura da sentença…), isso é um bom indício de que temos uma SUBORDINAÇÃO!!!!

 

SE HOUVER COORDENAÇÃO:

 

AS ORAÇÕES COORDENADAS podem estar:

 

a) simplesmente justapostas, isto é, colocadas uma ao lado da outra, sem qualquer conectivo que enlace. Ex.:Será uma vida nova, / começará hoje, / não haverá nada pra trás.

 

b)ligadas por uma CONJUNÇÃO COORDENATIVA. Ex.: A Grécia seduzia-o, / mas Roma dominava-o.

 

No primeiro caso, dizemos que a ORAÇÃO COORDENADA é ASSINDÉTICA, OU SEJA, DESPROVIDA DE CONECTIVO (SÍNDETO). No segundo, dizemos que ela é SINDÉTICA, e a essa denominação acrescentamos outra, ligada ao valor semântico do síndeto, podendo ser:

 

1. COORDENADA SINDÉTICA ADITIVA, se a conjunção é ADITIVA. Ex.: Insisti no desafio, / e ele estremeceu.; Não é homem, /  nem é bicho, /nem é planta com certeza.

 

2. COORDENADA SINDÉTICA ADVERSATIVA, se a conjunção é ADVERSATIVA. Ex.:Estava frio, / mas eles foram à praia.; Ele não exigia nada dos filhos devoção à lavoura, / porém eles o queriam agradar.

 

3. COORDENADA SINDÉTICA ALTERNATIVA, se a conjunção é ALTERNATIVA. Ex.:O bode tinha descido com o senhor / ou tinha ficado na ribanceira ? ; Ou me engano muito / ou a égua manqueja. ; Todas as casas sertanejas são humildes, / quer sejam de palha só / ou de palha e taipa / como a dos pobres, / quer sejam de taipa e telha / como a dos abastados.

 

4. COORDENADA SINDÉTICA CONCLUSIVA, se a conjunção é CONCLUSIVA. Ex.: Penso, / logo existo. ; Não pactua com ordem; / é, pois, uma rebelde. ; Queria casar a filha, bem ao gosto dela, / não punha, portanto, nenhum obstáculo ao programa de Olga.

 

5. COORDENADA SINDÉTICA EXPLICATIVA, se a conjunção é EXPLICATIVA. Ex.: Espere um pouco, / que já vamos.; Um pouquinho só lhe bastava no momento, / pois estava com fome.

 

OBSERVAÇÃO:

 

        No mesmo período podem ocorrer ORAÇÕES COORDENADAS SINDÉTICAS de vários tipos:

 

O menino olhava, / mas não falava, / nem lamuriava (J. de Araújo Correia, FX, 34.)

 

Tentei detê-los por mais tempo; / eles porém tinham pressa, / ou estavam desconfiados. / (R. de Queirós, CCE, 159.)

 

FIQUE ATENTO: Nem todas as conjunções coordenativas encabeçam a oração. A conclusiva pois vem sempre proposta ao verbo da sua oração. As adversativas porém, contudo, no entanto, entretanto e todavia, bem como as conclusivas logo, portanto e por conseguinte, podem variar de posição, conforme o ritmo, a entonação, a harmonia da frase.

 

 

SE HOUVER SUBORDINAÇÃO:

 

Se você observar a dependência estrutural de uma oração em relação à outra, ou seja, se você notar que uma oração atua como um elemento sintático da outra (Lembre-se do “teste do ponto”!), a oração será subordinada e, assim, poderá ser subclassificada como:

 

 

SUBSTANTIVA:

 

Exerce as funções sintáticas típicas de um substantivo, ou seja: sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo, complemento nominal e aposto. Um dica clássica é a substituição da oração pelo pronome demonstrativo substantivo ISSO!!!! Se você conseguir trocar a oração por ISSO (ou DISSO, NISSO…), a oração será SUBSTANTIVA. Nesse caso, será necessário que você analise a oração principal, de modo a observar a função que a oração subordinada substantiva desempenha:

 

  • As orações subordinadas substantivas que exercem a função de sujeito do verbo da oração principal são chamadas de SUBJETIVAS. Ex.: É necessário QUE VOCÊ ESTUDE.

 

  • As orações subordinadas substantivas que exercem a função de objeto direto do verbo da oração principal são chamadas de OBJETIVAS DIRETAS . Ex.: Quero QUE VOCÊ APRENDA.

 

  • As orações subordinadas substantivas que exercem a função de objeto indireto do verbo da oração principal são chamadas de OBJETIVAS INDIRETAS. Ex.: Não se esqueça DE QUE O SEU SUCESSO DEPENDE DE VOCÊ.

 

  • As orações subordinadas substantivas que exercem a função de predicativo do sujeito do verbo da oração principal são chamadas de PREDICATIVAS. Ex.: Nosso desejo é QUE VOCÊ APRENDA.

 

  • As orações subordinadas substantivas que exercem a função de complemento nominal da oração principal são chamadas de COMPLETIVAS NOMINAIS. Ex.:Tenho certeza DE QUE VOCÊ APRENDERÁ.

 

  • As orações subordinadas substantivas que exercem a função de aposto da oração principal são chamadas de APOSITIVAS. Ex.: Faço apenas um pedido: QUE VOCÊ ESTUDE.

 

 

ADJETIVA:

 

Exerce  função sintática característica de um adjetivo, ou seja, refere-se a uma substantivo da oração principal, adjetivando-o. Uma dica para reconhecer uma oração adjetiva é colocar os pronomes relativos “o qual, a qual, os quais, as quais” no seu início. Veja o post em que colocamos o QUE esquema para você (CLIQUE AQUI). Se a oração for adjetiva, ela poderá ser:

 

  • Restritiva: orações subordinadas adjetivas  que restringem a significação do nome ao qual elas se referem. Ex.: Os professores que receberam aumento voltaram ao trabalho. Veja que fica entendido que há professores que voltaram ao trabalho, e outros não voltaram, pois não receberam aumento, há, pois, uma restrição do substantivo.

 

  • Explicativa: orações subordinadas adjetivas que não restringem, mas explicam a significação do nome ao qual elas se referem. APARECEM SEMPRE ENTRE SINAIS DE PONTUAÇÃO! Ex.: Os professores, QUE RECEBERAM AUMENTO, voltaram ao trabalho. Veja que, nesse caso, infere-se que todos os professores voltaram ao trabalho, e todos receberam aumento. Há uma generalização.

 

ADVERBIAL:

 

Exerce  função sintática típica de um advérbio, ou seja, a de um adjunto adverbial. Assim, a exemplo do que ocorre com o adjunto adverbial, sua subclassificação é semântica, conforme a circunstância que expressa. Assim temos:

 

Causal – exprime uma circunstância de causa. Ex.: COMO NÃO ESTAVA COM FOME, não almocei.

 

Principais conjunções causais: porque, como, uma vez que, já que, visto que, desde que etc

 

 

Comparativa – exprime uma circunstância de comparação. Ex.: Ele é estudioso COMO O PAI (É).

 

Principais conjunções comparativas: como, mais … (do) que, menos … (do) que, tão … quanto, tanto … quanto, tanto … como etc.

 

 

Consecutiva – exprime uma circunstância de consequência. Ex.: Você fala tanto QUE ME CANSA.

 

Principais conjunções consecutivas: que, de sorte que, de modo que, de forma que etc.

 

 

Concessiva – exprime uma circunstância de concessão. A concessão tem a ver com a oposição de ideias, tá? Mas não deve ser confundida com as adversativas, uma vez que nas adversativas há coordenação (independência estrutural), ao passo que nas concessivas há subordinação (dependência estrutural) Ex.: EMBORA ESTEJA CANSADO, continuarei trabalhando.

 

Principais conjunções concessivas: embora, ainda que, mesmo que, conquanto, apesar de que etc.

 

 

Condicional  – exprime uma circunstância de condição. Ex.: SE NÃO CHOVER, irei à praia.

 

Principais conjunções condicionais: se, desde que, caso, contanto que etc.

 

 

Conformativa – exprime uma circunstância de conformidade, ou seja, são orações que estão de acordo com outra coisa. Ex.: CONFORME o pai informou, ele não virá.

 

Principais conjunções conformativas: conforme, consoante, segundo, como etc.

 

 

Final – exprime uma circunstância de finalidade, um objetivo. Ex.: Estudamos a fim de que passassemos.

 

Principais conjunções finais: para que a fim de que, com a finalidade de que etc.

 

 

Proporcional – exprime uma circunstância de proporção, dois fatos ocorrendo ao mesmo tempo ou de acordo com uma certa proporcionalidade. Ex.: À medida que eu me esforço, aprendo melhor.

 

Principais conjunções proporcionais: à medida que, à proporção que, ao passo que etc.

 

 

Temporal – exprime uma circunstância de tempo. Ex.: Quando eu chegar, ficaremos juntos.

 

Principais conjunções temporais: quando, enquanto, antes que, depois que, desde que, logo que, assim que etc.

 

Algumas observações:

 

1. Ainda há dúvida na circunstância da conjunção “enquanto”, embora seja classificada como temporal, pode indicar uma proporção: Enquanto eu canto, você dança. Duas ações simultâneas, ao mesmo tempo (proporcionais), mas também indica um tempo. A classificação mais aceita é a temporal, apesar de poder indicar uma ideia de proporcionalidade. O ideal é que você leve em conta o contexto na hora de classificar semântica da oração subordinada adverbial.

 

2. A classificação semântica das orações subordinadas adverbiais deve ser feita a partir de seu emprego efetivo no uso da língua. Por isso essas listas de conjunções não devem ser memorizadas: você deve consultá-las quando necessário, mas suas análises devem ser fruto do entendimento dos enunciados, das relações que com ele são estabelecidas dentro dos textos e entre os textos e seus contextos.

 

3. Apesar de não serem reconhecidas pela NGB (Nomenclatura Gramatical Brasileira), existem também orações subordinadas adverbiais modais e orações subordinadas adverbiais locativas, exprimindo, respectivamente, circunstâncias de modo e de lugar. Ex.: Saiu sem que eu percebesse. (modo) / Moro onde você passa férias. (lugar).

 

 

 

AGORA, VAMOS TREINAR!!!!

 

Quanto à classificação das orações destacadas, é correto afirmar:

 

I – “Diz- se que o homem nasceu livre

II – “Nossos pais pediam “Liberdade! Liberdade”; somos, pois, criaturas nutridas de liberdade.”

 

a) Orações subordinadas adverbiais de tempo e de causa.

 

b) Orações coordenadas sindéticas aditiva e explicativa.

 

c) Oração subordinada substantiva objetiva direta e oração coordenada sindética explicativa.

 

d) Oração subordinada substantiva subjetiva e oração coordenada sindética conclusiva.

 

 

RESPOSTA: d

 

 

No vídeo abaixo, você acompanhará a resolução da questão:

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Um beijo grande!

 

Prof.ª Dr.ª Patrícia Corado

 

Tags
Língua Minha, ORAÇÃO COORDENADA, ORAÇÃO SUBORDINADA, Período Composto, SINTAXE, SINTAXE DO PERÍODO COMPOSTO
17 Comentários
  • joao
    Postado 22:32h, 06 fevereiro Responder

    ffsf

  • Juliana
    Postado 23:52h, 07 fevereiro Responder

    Excelente material!!!
    Professora, faz o próximo sobre os Advérbios, por favor;
    Diferença entre:
    Locução Adverbial;
    Adjunto Adverbial;
    Orações subordinadas adverbiais.

    Esta sendo de grande ajuda!! Obrigada!!!!

    • Patrícia Corado
      Postado 08:14h, 08 fevereiro Responder

      OI, Juliana! A classificação das locuções adverbiais não exclui a dos adjuntos. “Locução adverbial” diz respeito a uma classificação “morfológica”; adjunto adverbial é uma classificação sintática. Assim, se digo “Viajarei em março”, a expressão “em março” é uma locução adverbial (morfologicamente), que funciona (sintaticamente) como adjunto adverbial. Já as orações adverbiais são ORAÇÕES (têm verbo!!!!) que desempenham a função de adjunto adverbial: “Viajarei quando tiver dinheiro.”. Veja que “quando tiver dinheiro” é uma ORAÇÃO (observe a forma verbal TIVER) que funciona como adjunto adverbial da Oração Principal (Viajarei), por isso será chamada de ORAÇÃO SUBORDINADA ADVERBIAL.
      Um grande abraço!!!!

      • Juliana
        Postado 17:44h, 08 fevereiro Responder

        Obrigadaaaaaaaaaaaaaa =] =]

  • vanessa ramos Barbosa
    Postado 09:46h, 17 fevereiro Responder

    Que aula boa, prof.

  • vanessa ramos Barbosa
    Postado 13:03h, 17 fevereiro Responder

    Professora, como reconhecer predicativo do sujeito em uma frase?

    • Patrícia Corado
      Postado 17:39h, 17 fevereiro Responder

      Vanessa, o predicativo do sujeito aparecerá em duas situações: 1) Com verbo de ligação SEMPRE haverá um predicativo, que é um “atributo” que se LIGA ao sujeito por meio do verbo de ligação; 2) Com outros verbos, o predicativo do sujeito também poderá aparecer e será, normalmente, um adjetivo que se vincula ao substantivo a que se refere (nesse caso, o sujeito), guardando relação, frequentemente causal ou temporal, com o processo verbal. Nesse último caso, o predicativo, às vezes, se confunde com o adjunto adnominal. No post http://www.linguaminha.com.br/?s=predicativo, trago esse assunto.
      Beijos!

  • Izabelly
    Postado 12:12h, 31 julho Responder

    Sobre o sujeito em período composto, eu o classifico separando as orações ou analisando as duas?
    Exemplo: Mariana saiu e esqueceu a bolsa.
    O sujeito do verbo “esquecer” seria simples(Mariana) ou oculto(ela)?

    • Patrícia Corado
      Postado 13:23h, 31 julho Responder

      Oi, Izabelly! Analise separando as orações. O sujeito da primeira oração é Mariana (simples) e o sujeito da segunda oração (Mariana) é recuperável pela desinência verbal, portanto é oculto. Beijos

  • Natália Soares Cordeiro
    Postado 11:03h, 09 maio Responder

    Professor bom dia,
    seria possível disponibilizar uma aula sobre análise sintática do período simples?
    obrigada.

    • Língua Minha
      Postado 16:47h, 04 junho Responder

      Oi, Natália! vou anotar o seu pedido! Obrigada pela visita!

  • hafid
    Postado 10:21h, 27 fevereiro Responder

    bonjour,

    j’ai un probleme en langue surtout francais, surtout je n’arrive pas a classer les mots correct bien ordonner, bien classer, enchainement des mots des mots et phrases suivant l’ordre logique et chronologique.

    Merci svp de m’aider a sortir de ma coquille car je souffre pour rediger ou exprimer correctement

    Hafid

    • Língua Minha
      Postado 10:25h, 02 março Responder

      Malheureusement, je ne parle pas français.
      Merci beaucoup

  • hafid
    Postado 10:23h, 27 fevereiro Responder

    Língua Minha

  • hafid
    Postado 11:50h, 27 fevereiro Responder

    Patrícia Corado

  • Mariana
    Postado 17:23h, 08 outubro Responder

    Usando seu conteúdo para estudar para concurso. Excelente, objetivo e completo. Parabéns e obrigada!

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