CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA DO VERBO

Quanto ao seu aspecto morfológico, os verbos podem ser classificados como regulares, irregulares, defectivos, abundantes e anômalos.

 

São REGULARES os verbos que seguem o paradigma de sua conjugação, sem alterações nas desinências, em relação aos demais verbos da mesma conjugação, e/ou no radical. Assim, um verbo da primeira conjugação , como CANTAR, por exemplo, terá o seu radical (cant-) presente e inalterado em todas as suas flexões e apresentará exatamente as mesmas desinências que os demais verbos regulares da 1ª conjugação. Em outras palavras, os verbos regulares são aqueles que apresentam regularidade e previsibilidade com relação ao modelo da conjugação.

 

 

São IRREGULARES, por sua vez, os verbos que NÃO seguem o paradigma de sua conjugação, apresentando alterações nas desinências, em relação aos demais verbos da mesma conjugação, e/ou no radical. Veja, por exemplo, o que ocorre com os verbos FAZER e  OUVIR.

 

 

Observe que o radical desses verbos (faz- e ouv-) sofre alterações, não havendo regularidade. A imprevisibilidade dos verbos irregulares também se manifesta nas suas desinências. Compare as desinências, por exemplo, dos verbos apresentados abaixo, ambos da 1ª conjugação:

 

 

 

Como você pôde notar, o verbo ESTAR não segue a regularidade da 1ª conjugação no que diz respeito às suas desinências, sendo, por isso, um verbo IRREGULAR. São alguns exemplos de verbos irregulares: dar, caber, crer, poder, querer, saber, trazer, ver, medir, pedir.

 

Vale observar que não entram no rol dos verbos irregulares aqueles que, para conservar a pronúncia, têm de sofrer variação na grafia, como correr com FICAR, cujo radical (fic-) sofre alteração gráfica para fiqu-, como ocorre na forma “fiquei”, por exemplo.

 

Há também verbos que são classificados como DEFECTIVOS. Esses verbos são assim chamados porque apresentam um “defeito”, uma falha na sua conjugação, não a apresentando de forma completa. Seja por problemas ligados à eufonia (bom som), seja pelo simples desuso, há verbos que não preenchem alguma(s) casa(s) do seu paradigma conjugacional e são, por esse motivo, classificados como DEFECTIVOS. São exemplos de verbos defectivos: Colorir (não existe na 1ª pessoa do presente do indicativo), abolir (também não existe na 1ª pessoa do presente do indicativo), reaver (no presente do indicativo, por exemplo, só existe na 1ª e na 2ª pessoas do plural). O verbo adequar é, classicamente, um verbo defectivo, não existindo em nenhuma situação em que a sílaba tônica se projete sobre a vogal “e”. O uso culto contemporâneo, no entanto, tem apresentado a conjugação do verbo adequar sem essa restrição. Eu não uso, mas conheço muita gente bacana que usa…

 

ABUNDANTE é o nome dado ao verbo que apresenta mais de uma forma para uma mesma casa conjugacional. Ocorre, por exemplo, com “havemos” e “hemos”, “constrói” e “construi”. Em ambos os casos, há uma nítida preferência dos falantes pela primeira forma em detrimento da segunda, que tende ao desuso absoluto. Há, contudo, uma abundância que gera problemas para os falantes e estudiosos do idioma. Trata-se da abundância dos particípios, que foi assunto de outra postagem aqui no site. (ACESSE AQUI)

 

Há, ainda, os verbos ANÔMALOS, que são aqueles que possuem mais de um radical primário. É o caso dos verbos SER, que traz em sua bagagem, ao mesmo tempo, radicais das formas latinas sedereesse (ambas com diacríticos que eu não acho neste teclado! Perdoem-me professores de latim!!!!!!) e IR, que traz na bagagem radicais de três diferentes formas verbais latinas: ire, vadere e esse, os dois últimos também com diacríticos que eu não sei como acionar no teclado! Se algum leitor souber, por favor me ensine!

 

Por hoje, é só!

 

Um abraço!

Prof.ª Dr.ª Patrícia Corado

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